‘Estávamos à beira do socialismo’, diz Bolsonaro em discurso na ONU
Na abertura da Assembleia-Geral da entidade,
presidente abordou temas como a pandemia de covid-19, meio ambiente e recuperação
econômica
O presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro chefe de Estado a falar na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nesta terça-feira, 21. Em um pronunciamento no qual abordou uma série de temas, da pandemia de covid-19 ao meio ambiente, da corrupção à recuperação econômica, Bolsonaro afirmou que “o Brasil vive novos tempos”.
“Venho aqui mostrar o Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões. O Brasil mudou, e muito, depois que assumimos o governo em janeiro de 2019”, disse o presidente logo no início do pronunciamento. “Estamos há dois anos e oito meses sem qualquer caso concreto de corrupção. O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição, valoriza a família e deve lealdade ao seu povo.”
Segundo Bolsonaro, sua vitória nas eleições de 2018 representou a interrupção de um projeto socialista no país. “Estávamos à beira do socialismo. Nossas estatais davam prejuízo de bilhões de dólares no passado e hoje são lucrativas. Apresento agora um novo Brasil, com sua credibilidade recuperada perante o mundo”, afirmou.
“Temos tudo o que o investidor procura: grande mercado consumidor, excelentes serviços, tradição de respeito aos contratos e confiança em nosso governo.”
Meio ambiente
Seguindo a linha que já havia apresentado em seu discurso na Cúpula de Líderes sobre o Clima, em abril deste ano, Bolsonaro deu grande enfoque às questões ambientais. “Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa quanto a nossa. Nosso Código Florestal deve servir de exemplo para outros países”, disse o presidente da República na ONU.
“Somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta”, prosseguiu Bolsonaro. “Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% em agosto, quando comparado a agosto do ano anterior. Qual país do mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa? Os senhores estão convidados a visitar a Amazônia.”
Pandemia
Em seu discurso, Bolsonaro falou sobre a pandemia de covid-19 e responsabilizou prefeitos e governadores do Brasil por medidas restritivas que afetaram duramente a população. “A pandemia nos pegou a todos de surpresa. Lamentamos todas as mortes ocorridas no Brasil e no mundo. Sempre defendi combater o vírus e o desemprego, de forma simultânea e com a mesma responsabilidade”, afirmou.
Vacinação e tratamento precoce
Em relação à vacinação, Bolsonaro destacou o avanço da campanha de imunização no país. “Até novembro, todos os que escolheram ser vacinados no Brasil serão atendidos. Apoiamos a vacinação. Contudo, nosso governo tem se posicionado de forma contrária ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada à vacinação”, disse o presidente. “Apoiamos a autonomia do médico na busca pelo tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina.”
Manifestações
Os atos de apoio ao governo brasileiro, que levaram
centenas de milhares às ruas no Sete de Setembro, também foram citados por
Bolsonaro em seu discurso. “No último 7 de setembro, dia de nossa
Independência, milhões de brasileiros foram às ruas na maior manifestação de
nossa história, mostrar que não abrem mão da democracia, das liberdades
individuais e do apoio ao nosso governo”, destacou. “Temos a família
tradicional como fundamento da civilização. A liberdade do ser humano só se
completa com liberdade de culto e de expressão.”
Afeganistão e Conselho de Segurança
Jair Bolsonaro também aproveitou a oportunidade para defender a presença do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. “Apoiamos uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, onde buscamos um assento permanente”, afirmou.
O presidente também citou a situação política no Afeganistão. “O futuro do Afeganistão também nos causa profunda apreensão. Concederemos visto humanitário para cristãos, mulheres, crianças e juízes afegãos.”
Leia a íntegra do discurso de Jair Bolsonaro
Senhor Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres,
Senhores Chefes de Estado e de Governo e demais chefes de delegação,
Senhoras e senhores,
É uma honra abrir novamente a Assembleia-Geral das Nações Unidas.
Venho aqui mostrar o Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões.
O Brasil mudou, e muito, depois que assumimos o governo em janeiro de 2019.
Estamos há 2 anos e 8 meses sem qualquer caso concreto de corrupção.
O Brasil tem um presidente que acredita em Deus,
respeita a Constituição e seus militares, valoriza a família e deve lealdade a
seu povo.
Isso é muito, é uma sólida base, se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo.
Nossas estatais davam prejuízos de bilhões de
dólares, hoje são lucrativas.
Nosso Banco de Desenvolvimento era usado para
financiar obras em países comunistas, sem garantias. Quem honra esses
compromissos é o próprio povo brasileiro.
Tudo isso mudou. Apresento agora um novo Brasil com
sua credibilidade já recuperada.
O Brasil possui o maior programa de parceria de
investimentos com a iniciativa privada de sua história. Programa que já é uma
realidade e está em franca execução.
Até aqui, foram contratados US$ 100 bilhões de novos investimentos e arrecadados US$ 23 bilhões em outorgas.
Na área de infraestrutura, leiloamos, para a
iniciativa privada, 34 aeroportos e 29 terminais portuários.
Já são mais de US$ 6 bilhões em contratos privados
para novas ferrovias. Introduzimos o sistema de autorizações ferroviárias, o
que aproxima nosso modelo ao americano. Em poucos dias, recebemos 14
requerimentos de autorizações para novas ferrovias com quase US$ 15 bilhões de
investimentos privados.
EM NOSSO GOVERNO PROMOVEMOS O RESSURGIMENTO DO MODAL FERROVIÁRIO.
Como reflexo, menor consumo de combustíveis fósseis
e redução do custo Brasil, em especial no barateamento da produção de
alimentos.
Grande avanço vem acontecendo na área do saneamento
básico. O maior leilão da história no setor foi realizado em abril, com
concessão ao setor privado dos serviços de distribuição de água e esgoto no Rio
de Janeiro.
Temos tudo o que investidor procura: um grande
mercado consumidor, excelentes ativos, tradição de respeito a contratos e confiança
no nosso governo.
Também anuncio que nos próximos dias, realizaremos
o leilão para implementação da tecnologia 5G no Brasil.
Nossa moderna e sustentável agricultura de baixo
carbono alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e utiliza apenas 8% do
território nacional.
Nenhum país do mundo possui uma legislação
ambiental tão completa.
Nosso Código Florestal deve servir de exemplo para
outros países.
O Brasil é um país com dimensões continentais, com
grandes desafios ambientais.
São 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais
66% são vegetação nativa, a mesma desde o seu descobrimento, em 1500.
Somente no bioma amazônico, 84% da floresta está
intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta. Lembro que a região
amazônica equivale à área de toda a Europa Ocidental.
Antecipamos, de 2060 para 2050, o objetivo de
alcançar a neutralidade climática. Os recursos humanos e financeiros,
destinados ao fortalecimento dos órgãos ambientais, foram dobrados, com vistas
a zerar o desmatamento ilegal.
E os resultados desta importante ação já começaram
a aparecer!
Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do
desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior.
QUAL PAÍS DO MUNDO TEM UMA POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL COMO A NOSSA?
Os senhores estão convidados a visitar a nossa
Amazônia!
O Brasil já é um exemplo na geração de energia com
83% advinda de fontes renováveis.
Por ocasião da COP-26, buscaremos consenso sobre as
regras do mercado de crédito de carbono global. Esperamos que os países
industrializados cumpram efetivamente seus compromissos com o financiamento de
clima em volumes relevantes.
O futuro do emprego verde está no Brasil: energia
renovável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento
básico, tratamento de resíduos e turismo.
Ratificamos a Convenção Interamericana contra o
Racismo e Formas Correlatas de Intolerância.
Temos a família tradicional como fundamento da civilização. E a liberdade do ser humano só se completa com a liberdade de culto e expressão.
14% do território nacional, ou seja, mais de 110
milhões de hectares, uma área equivalente a Alemanha e França juntas, é
destinada às reservas indígenas. Nessas regiões, 600.000 índios vivem em
liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras
atividades.
O Brasil sempre participou em Missões de Paz da
ONU. De Suez até o Congo, passando pelo Haiti e Líbano.
Nosso país sempre acolheu refugiados. Em nossa
fronteira com a vizinha Venezuela, a Operação Acolhida, do Governo Federal, já
recebeu 400 mil venezuelanos deslocados devido à grave crise político-econômica
gerada pela ditadura bolivariana.
O futuro do Afeganistão também nos causa profunda
apreensão. Concederemos visto humanitário para cristãos, mulheres, crianças e
juízes afegãos.
Nesses 20 anos dos atentados contra os Estados
Unidos da América, em 11 de setembro de 2001, reitero nosso repúdio ao
terrorismo em todas suas formas.
Em 2022, voltaremos a ocupar uma cadeira no
Conselho de Segurança da ONU. Agradeço aos 181 países, em um universo de 190,
que confiaram no Brasil. Reflexo de uma política externa séria e responsável
promovida pelo nosso Ministério de Relações Exteriores.
Apoiamos uma Reforma do Conselho de Segurança ONU,
onde buscamos um assento permanente.
A pandemia pegou a todos de surpresa em 2020.
Lamentamos todas as mortes ocorridas no Brasil e no mundo.
Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de
forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e
lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios
no mundo todo.
No Brasil, para atender aqueles mais humildes, obrigados a ficar em casa por decisão de governadores e prefeitos e que perderam sua renda, concedemos um auxílio emergencial de US$ 800 para 68 milhões de pessoas em 2020.
Lembro que terminamos 2020, ano da pandemia, com
mais empregos formais do que em dezembro de 2019, graças às ações do nosso
governo com programas de manutenção de emprego e renda que nos custaram cerca
de US$ 40 bilhões.
Somente nos primeiros 7 meses desse ano, criamos
aproximadamente 1 milhão e 800 mil novos empregos. Lembro ainda que o nosso
crescimento para 2021 está estimado em 5%.
Até o momento, o Governo Federal distribuiu mais de
260 milhões de doses de vacinas e mais de 140 milhões de brasileiros já
receberam, pelo menos, a primeira dose, o que representa quase 90% da população
adulta. 80% da população indígena também já foi totalmente vacinada. Até
novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil, serão atendidos.
Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina.
Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do
médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho
Federal de Medicina.
Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial.
Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e
no seu uso off-label.
Não entendemos porque muitos países, juntamente com
grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial.
A história e a ciência saberão responsabilizar a
todos.
No último 7 de setembro, data de nossa
Independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às
ruas, na maior manifestação de nossa história, mostrar que não abrem mão da
democracia, das liberdades individuais e de apoio ao nosso governo.
Como demonstrado, o Brasil vive novos tempos. Na
economia, temos um dos melhores desempenhos entre os emergentes.
Meu governo recuperou a credibilidade externa e, hoje, se apresenta como um dos melhores destinos para investimentos.
É aqui, nesta Assembleia Geral, que, vislumbramos um mundo de mais liberdade, democracia, prosperidade e paz.
Deus abençoe a todos.”
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