José Dirceu: 'É questão de tempo para a gente tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição'. (Assista)
ENTREVISTA DE DIRCEU AO JORNAL ELPAÍS
Em entrevista ao El País , Dirceu ex-ministro e
homem mais poderoso do governo Lula rebateu questionamento sobre o PT 'ganhar
mas não levar' as eleições
"É uma questão de tempo pra gente tomar o
poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição".
A frase polêmica foi dita por José Dirceu ex ministro e homem forte do governo
Lula durante entrevista ao jornal El País quando questionado sobre a
possibilidade de o PT “ganhar mas não levar” as eleições.
Preso três vezes, Dirceu afirma estar “sempre
preparado para o pior”, embora acredite que não voltará à cadeia novamente. E
ainda afirmou que a elite deve rezar para que ele fique longe do governo.
Confira os principais trechos da entrevista de
Dirceu
E qual leitura o senhor faz desse momento de tanto
ódio? O PT tem algum papel nisso?
O apoio que Lula tem e o crescimento do PT
interligam a memória do legado do Lula com as consequências do golpe.(...) E o
golpe, a Lava Jato e antes disso, eles não terem reconhecido o resultado da
eleição, terem participado do Governo Temer, isso custou muito caro para eles.
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Eles quem?
O PSDB principalmente, que é o partido mais
rejeitado hoje, vai ser um desastre eleitoral, o Temer, o DEM, que também está
caminhando para ter um péssimo resultado eleitoral. De certa maneira, há um
sentimento de que houve uma injustiça com Lula, que o Lula é
perseguido.(...)Como não há provas concretas contra o Lula , o senso comum diz
que não tem provas. Então acho que eles perderam. Historicamente acho que é a
maior derrota que a direita já teve no Brasil.
Acha que existe a possibilidade de o PT ganhar
essas eleições e não levar?
Acho improvável que o Brasil caminhará para um
desastre total. Na comunidade internacional isso não vai ser aceito. E dentro
do país é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o
poder, que é diferente de ganhar uma eleição.
O senhor acha que um Governo de Bolsonaro seria
igual ao de Temer?
Não. Bolsonaro é o Temer mais a regressão de
comportamento cultural e o autoritarismo não democrático. O Governo do
Bolsonaro com Paulo Guedes vai ser um arrasa quarteirão. Mas isso não dá certo
em lugar nenhum. A Argentina tá aí e olha o resultado: privatizar tudo, tirar o
Estado, cortar gasto, dá no que deu. A Argentina era mostrada como um modelo
para nós há um ano atrás. O Brasil tem uma equação a ser resolvida: O Estado de
bem-estar social e a distribuição de renda não cabem na estrutura tributária,
bancária e financeira que existe no país. Porque ela se apropria da renda e não
se paga o imposto quem tem que pagar. E como se gasta 400 milhões com os juros
da dívida interna. Nós cobramos juros reais maior que qualquer país da América
Latina.
Lula teve, ao longo dos oito anos de Governo, alta
aprovação, maioria no Congresso. Por que não foi feita uma reforma tributária
naquele momento?
Porque nós não temos força para fazer isso, nem
hoje e nem amanhã.
E por que as reformas não foram feitas pelo Governo
do PT?
Porque tentamos. Tentamos a reforma tributária,
tentamos a reforma política, o Lula tentou, a Dilma também. Não fomos nós que
não queríamos. Nós não tínhamos força. E Lula tinha que tomar uma decisão: o
que é prioritário? Fazer reforma política, resolver o problema das Forças
Armadas, resolver o problema da riqueza e da renda ou atacar a pobreza e a
miséria, fazer o Brasil crescer, ocupar um espaço na América Latina, ocupar o
espaço que o Brasil tem no mundo? Ele fez a segunda opção.
O que deu errado no segundo Governo Dilma?
Não deu errado. Eles derrubaram a Dilma
independentemente se ela estava certa ou errada, eles iam derrubar. E a
recessão, 70% dela é a crise política. Não aprovaram o ajuste dela e fizeram a
pauta bomba. Criaram uma crise política no país que ninguém comprava, ninguém
vendia e ninguém emprestava.
O senhor acha que existe a possibilidade de um novo
golpe militar?
Acho muito remoto. Não acredito.
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