Delator: Witzel tinha 20% da propina arrecadada na Saúde
Informações do ex-secretário de saúde Edmar Santos estão na base do pedido que levou ao afastamento do governador
O ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Edmar
Santos disse ao Ministério Público Federal (MPF) que os recursos desviados da
pasta iam para um caixa único e um montante de 20% era destinado ao governador
fluminense, Wilson Witzel (PSC).
Santos fechou acordo de delação premiada com a
procuradoria e as informações por ele prestadas estão na base do pedido que
culminou nesta sexta-feira (28) com o afastamento do governador do cargo,
decretado pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça
(STJ).
– Que os recursos auferidos ilicitamente iriam para
um caixa único; Que tal caixa único seria distribuído da seguinte forma: 30%
para o colaborador [Santos]; 20% para o governador Wilson Witzel – disse um
trecho da delação premiada.
Ainda de acordo com o Santos, ao Pastor Everaldo
(PSC-RJ), padrinho político de Witzel e preso nesta sexta-feira pela Polícia
Federal, era destinado 20% do que fosse arrecadado.
O colaborador afirmou à procuradoria que os
responsáveis pela operação do esquema criminoso, ambos ligados a Everaldo,
decidiram que as vantagens ilícitas a serem captadas na Saúde seriam cobradas
em duas áreas: nas organizações sociais e nos “restos a pagar”. Essa escolha,
segundo Santos, tinha o objetivo de despistar os ilícitos das autoridades
porque seriam áreas na estrutura da Saúde menos visadas.
Santos afirmou que aos operadores, segundo ele
Edson Torres e Victor Hugo Barroso, era reservada a casa uma cota de 15% do
arrecadado. Narrou ainda o delator ao MPF que Torres lhe teria confidenciado
que o governador do Rio “recebia [propina] de todas as secretarias”.
De acordo com a colaboração, “um dos ‘argumentos’
utilizados para que a propina fosse cobrada era o fato de que Edson e Victor
tinham dado dinheiro para ajudar a eleger o governador Wilson Witzel” e a
cobrança seria uma forma de ressarcir os valores que haviam sido empregados.
O delator afirmou à procuradoria que Victor Barroso
fez um aporte de R$ 8 milhões para a campanha do governador e que, em razão
disso, foi concedido a ele “posição privilegiada” para arrecadar valores em
contratos firmados pela administração estadual.
A defesa Witzel afirmou, em nota, que recebeu com
“grande surpresa” a decisão de afastá-lo do cargo de governador do estado do
Rio de Janeiro.
– A defesa recebe com grande surpresa a decisão de
afastamento do cargo, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os
advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas
cabíveis – disse a defesa em nota.
O delator disse que, durante o período eleitoral,
em razão dos bons resultados de sua gestão à frente do Hospital Universitário
Pedro Ernesto teve, do qual foi diretor, cinco candidatos ao governo do Rio
fizeram visitas àquela unidade de saúde durante a campanha, incluindo Witzel.
Foi nesta ocasião, segundo ele, que conheceu o governador e sua mulher, Helena Witzel.
– Que fez visita guiada do hospital a Wilson e
Helena; Que os dois elogiaram bastante a qualidade do hospital e a gestão do
colaborador – narrou um trecho da delação
O colaborador afirmou que não houve convite ou
oferecimento de vantagem indevida nesse momento, e que passada a eleição, ainda
na transição, ele recebeu ligação via Whatsapp de Edson Torres para ser aviso
que era um dos candidatos a secretário de Saúde.
*Folhapress
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