Fundador da Ricardo Eletro e a filha são presos em operação em SP
Grupo investigado por sonegação fiscal e lavagem de
dinheiro no valor de R$ 400 milhões é dono de uma das maiores redes de comércio
varejista do país.
Uma força-tarefa composta pelo MPMG (Ministério
Público de Minas Gerais), Secretaria de Estado de Fazenda e Polícia Civil,
deflagrou na manhã desta quarta-feira (8), a operação Direto com o Dono, cujos
alvos são empresários do ramo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Ricardo
Nunes, fundador da rede Ricardo Eletro, e sua filha foram presos em São Paulo.
De acordo com a investigação, o grupo teria
sonegado, ao longo de mais de cinco anos, cerca de R$ 400 milhões em impostos
devidos ao Estado de Minas Gerais.
No momento, estão sendo cumpridos três mandados de
prisão e 14 mandados de busca e apreensão nos municípios de Belo Horizonte,
Contagem, Nova Lima, São Paulo e Santo André.
Além dos mandados de prisão, a Justiça determinou o
sequestro de bens e imóveis de um dos empresários, avaliados em cerca de R$ 60
milhões.
A investigação ganhou força após decisão do Supremo
Tribunal Federal, de novembro, que definiu como crime a apropriação de ICMS
cobrado de consumidores em geral e não repassados ao estado.
A fraude, segundo as investigações, ocorria da
seguinte forma: as empresas da rede de varejo cobravam dos consumidores,
embutido no preço dos produtos, o valor correspondente ao imposto. No entanto,
os investigados não faziam o repasse e se apropriavam desses valores.
A empresa encontra-se em situação de recuperação extrajudicial,
sem condições de arcar com as dívidas e fechou diversas unidades e demitiu
dezenas de trabalhadores. Mas o principal dono do negócio possui dezenas de
imóveis, participações em shoppings na região metropolitana de Belo Horizonte e
fazendas.
Os bens não estão registrados em nome do
investigado, mas de suas filhas, mãe e até de um irmão, que também são alvos da
operação de hoje.
O crescimento vertiginoso do patrimônio individual do principal sócio ocorreu na mesma época em que os crimes tributários eram praticados, o que caracteriza, segundo a Força-Tarefa, crime de lavagem de dinheiro.
O crescimento vertiginoso do patrimônio individual do principal sócio ocorreu na mesma época em que os crimes tributários eram praticados, o que caracteriza, segundo a Força-Tarefa, crime de lavagem de dinheiro.
A operação conta com a participação de três
promotores de Justiça, 60 auditores-fiscais da Receita Estadual, quatro
delegados e 55 investigadores da Polícia Civil.
Procurada, a Rede Ricardo Eletro destacou que o
empresário Nunes e seus familiares não são mais acionistas da companhia. A
reportagem tenta contato com a defesa do empresário.
"A Ricardo Eletro informa que Ricardo Nunes
e/ou familiares não fazem parte do seu quadro de acionistas e nem mesmo da
administração da companhia desde 2019. A Ricardo Eletro pertence a um fundo de
investimento em participação, que vem trabalhando para superar as crises
financeiras que assolam a companhia desde 2017, sendo inclusive objeto de
recuperação extrajudicial devidamente homologada perante a Justiça, em 2019.
Vale ainda esclarecer que a operação realizada hoje
(08/07) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Receita Estadual e
pela Polícia Civil, faz parte de processos anteriores a gestão atual da
companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e
familiares, não tendo ligação com a companhia.
Em relação à dívida com o Estado de MG, a Ricardo
Eletro reconhece parcialmente as dívidas e, antes da pandemia, estava em
discussão avançada com o Estado para pagamento dos tributos passados, em
consonância com as leis estaduais.
A Ricardo Eletro se coloca à disposição para
colaborar integralmente com as investigações."
FONTE: R7.COM
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