Documento vazado relata perseguição a cristãos na China
Mais de 300 pessoas foram confinadas por conta de
sua prática religiosa na China comunista.
A agência de notícias alemã Deutsche Welle
divulgou, nesta segunda-feira (17), um documento vazado que traz relatos sobre
muçulmanos da etnia uigur detidos pelo Governo chinês e levados a campos de
concentração, oficialmente chamados Centros de Treinamento em Formação
Profissional.
A lista revela o destino de 311 muçulmanos enviados para a reeducação, entre 2017 e 2018, por motivos absurdos como deixar a barba crescer, jejuar ou usar véu no rosto. Há informações que indicam monitoramento sobre as pessoas ligadas aos detidos, incluindo crianças.

A lista revela o destino de 311 muçulmanos enviados para a reeducação, entre 2017 e 2018, por motivos absurdos como deixar a barba crescer, jejuar ou usar véu no rosto. Há informações que indicam monitoramento sobre as pessoas ligadas aos detidos, incluindo crianças.

Um dos relatos, de maio de 2017, dá conta de um
uigur levado a um “campo de reeducação” na região de Xinjiang, no noroeste da
China, detido porque sua esposa cobria o rosto com um véu muçulmano e porque
tinha “muitos” filhos. Ele nunca chegou a ser julgado. O documento diz que ele
passou por “uma grande transformação ideológica” no campo e “percebeu seus
erros e mostrou arrependimento“. Os quatro meninos e duas meninas da família
tinham um “bom comportamento“. No mês seguinte, foi a vez da esposa ser presa,
por seis anos, acusada de participar de “atividade religiosa ilegal“.
A história da família é similar a outras centenas
de casos, descobertos devido ao vazamento do documento, uma lista de 137
páginas, com dados como os motivos de detenções, além do uso de vigilância de
alta-tecnologia e trabalhadores para rastrear identidades, locais e hábitos de
membros da minoria muçulmana dos uigures. Quase nada indica que as medidas
seriam voltadas a combater o extremismo, como afirma Pequim. Apenas três
pessoas da lista pertenceriam à organização islamista Hizb-ut-Tahrir.
Depois de um ataque a bomba na capital de Xinjiang,
em maio de 2014, as autoridades chinesas instalaram um sistema de vigilância e
criaram os campos de detenção em massa, referidos como “campos de reeducação”
ou “cursos de treinamento ideológico draconiano”. Segundo um relatório secreto
do Ministério do Exterior alemão de dezembro do ano passado, pelo menos 1
milhão dos quase 10 milhões de uigures que vivem no país foram enviados a esses
locais. A lista vazada, contudo, não indica que Pequim tenha como alvo
potenciais terroristas.
A análise do documento indica que o Governo chinês
tinha como alvo a geração mais jovem. Termos como “pessoa preocupante” ou
“pessoa não confiável” eram usados para nascidos entre 1980 e 2000. Mais de 60%
dos detidos tinham entre 20 e 40 anos. “Isso tem uma implicação fundamental na
taxa de natalidade e demográfica. Se pegar uma porção, ou até mesmo todos os
jovens de uma vila haverá basicamente uma pausa no crescimento da comunidade”,
avalia Thum.
Fonte: Deutsche Welle
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