Governo Bolsonaro: "Economia fecha ano com o crescimento mais forte dos últimos cinco anos" .
"Com a ajuda da liberação dos recursos do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a economia brasileira deverá ter
o melhor fim de ano desde o início da recessão, em 2014, e deve começar 2020
aquecida. Segundo bancos e consultorias ouvidos pelo jornal O Estado de S.
Paulo, o Produto Interno Bruto (PIB) poderá crescer neste último trimestre até
0,8% na comparação com os três meses anteriores. Desde o início da crise, esse
número para o período variou entre -1,3% e 0,3%.
Se a atividade mantivesse esse ritmo do último
trimestre, ela avançaria 3% em um ano. Mas o normal é que apresente alguma
desaceleração entre janeiro e março - ainda que, para o início de 2020, muitos
economistas estejam otimistas.
O dado mais recente do mercado de trabalho
corrobora essa visão de que a economia vem ganhando tração. Na semana passada,
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que 99 mil
vagas de emprego com carteira assinada foram criadas apenas em novembro. No
acumulado do ano, são 948 mil.
"Uma taxa de 80 mil vagas de trabalho por mês é compatível com um PIB de 2,8%", diz o economista Luka Barbosa, do Itaú Unibanco. Ele lembra, porém, que não é possível estimar o ritmo de crescimento da atividade tendo a criação de postos de trabalho como único indicador. "Mas os dados de emprego indicam que há, sim, um processo de aceleração."
"Uma taxa de 80 mil vagas de trabalho por mês é compatível com um PIB de 2,8%", diz o economista Luka Barbosa, do Itaú Unibanco. Ele lembra, porém, que não é possível estimar o ritmo de crescimento da atividade tendo a criação de postos de trabalho como único indicador. "Mas os dados de emprego indicam que há, sim, um processo de aceleração."
Os saques do FGTS são os principais responsáveis
pelo impulso extra neste fim de ano. O Santander, por exemplo, que projeta uma
alta de 0,8% no PIB do último trimestre, calcula que a metade disso se deverá
ao FGTS. A liberação dos recursos tem impulsionado, principalmente, o consumo
das famílias, que, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Economia
(Ibre/FGV), vai crescer 2,8% no quarto trimestre na comparação com igual
período de 2018. No ano, deverá acumular alta de 2%. "Neste quarto
trimestre, estamos no ápice do consumo, que mudou de direção. No início do ano,
ele estava fraco", diz a economista Silvia Matos, do Ibre.
A economista Alessandra Ribeiro, sócia da
Tendências Consultoria afirma que, justamente por causa do efeito do FGTS, é
preciso certa cautela com os indicadores econômicos do último trimestre.
"Já vimos que a economia deu uma inflada no governo de Michel Temer quando
recursos do FGTS foram liberados. Mas também não dá para negar que os
fundamentos econômicos agora apontam para um cenário melhor." Para
Alessandra, que prevê um PIB de 0,7% no quarto trimestre, o primeiro trimestre
do ano que vem ainda deverá se mostrar mais aquecido por causa do FGTS. Para o
período entre janeiro e março a projeção da Tendências é de 0,4%.
Além do impulso na economia neste fim de ano e
início de 2020, liberação dos recursos do fundo de garantia deve ter um efeito
secundário ao aumentar a confiança do consumidor e dos investidores. "Essa
perspectiva pode gerar um efeito permanente na economia, mas não na mesma
magnitude que os recursos em si geram", diz o economista Lucas Nóbrega, do
Santander."
"Nova dinâmica de mercado
O FGTS, apesar de ser o principal, não é o único
motor da atividade brasileira neste fim de ano. A estabilização da economia
global e a queda dos juros também colaboraram para esse cenário mais otimista.
"Se a Selic (a taxa básica de juros) ficar em 4,5%, ela muda a dinâmica do
mercado consumidor. Esse impacto é muito forte e acho que o estamos
subestimando", diz Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim.
Na semana passada, Padovani alterou suas projeções para o PIB de 0 8% para 1,1%
neste ano e de 2% para 2,5% em 2020.
Economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale
destaca que, além do comércio impulsionado pelo FGTS, é possível identificar
sinais de um crescimento mais consistente em outros setores, como o da
construção civil. "Encerramos 2019 melhor e vislumbramos um 2020 mais
relevante, depois de três anos tão fracos", diz. "Pela primeira vez,
iniciamos um ano bem e devemos conseguir entregar um resultado mais forte, fora
eventuais percalços, que não foram poucos nos últimos anos", acrescenta
Vale, em referência às denúncias de Joesley Batista contra o ex-presidente
Michel Temer que paralisaram a reforma da Previdência, à greve dos
caminhoneiros, à crise argentina e à tragédia da Vale.
Nóbrega, do Santander, lembra, porém, que as
eleições americanas no ano que vem podem trazer instabilidade ao mercado
internacional, se tornando um novo percalço para a economia brasileira."
Fonte: gazetadopovo.com.br
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