Índios de Mato Grosso conseguem autorização do Ibama para plantar soja
Da área total de 1,5 milhão de hectares da reserva,
apenas 1,7% é utilizado na agricultura; a expectativa é que a produtividade
média supere mais de 60 sacas por hectare.
Em Mato Grosso, índios de três etnias – paresi,
manoki e nambikwara – deram início ao plantio de soja, após a suspensão da
proibição de cultivo mecanizado em terras indígenas. Eles estão amparados por
uma medida cautelar fornecida pelo Ibama, e aguardam a assinatura oficial do
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), fornecidos por esse órgão, pelo
Ministério Público e pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
“Nós mesmos estamos fazendo a gestão e indo buscar
a viabilidade para que a gente possa sair da informalidade”, diz Ronaldo
Zokezomaike, presidente da Coopihanama, cooperativa da nação paresi,
responsável pela gestão administrativa e operacional da produção.
Para o coordenador de projetos da Coopihanama,
Arnaldo Zunizakaê, os indígenas vinham plantando de forma irregular por estarem
à espera do licenciamento já há cerca de sete anos. “O órgão responsável até
então não tinha dado nenhum encaminhamento nesse sentido de regularizar a
atividade”, diz.
Da área total de 1,5 milhão de hectares da reserva
indígena, apenas 1,7% é utilizado na agricultura. Todo o restante é preservado.
De acordo com Ronaldo Zokezomaike, os projetos de cultivo estão localizados em
pontos estratégicos, longe de nascentes, de áreas de caça e de ocorrência de
frutas. “É muito importante a sociedade saber que é um projeto sério, bem
planejado, respeitando a questão ambiental, que é o nosso maior patrimônio”,
afirma.
O plantio é realizado apenas com cultivares
convencionais, já que o cultivo de transgênicos na aldeia permanece proibido. A
produtividade média tem ficado acima de 60 sacas por hectare. Apesar de a soja
ser o carro-chefe da propriedade, a soja vai perder mais da metade do espaço
para culturas de segunda safra, como feijão e milho, ocupando neste ano cerca
de 3.500 hectares.
De acordo o engenheiro agrônomo da aldeia, Lúcio
Avelino Ozanazokaese, o motivo é o alto custo de produção da leguminosa. “Por
ser uma soja convencional, exige muito manejo, então estamos reduzindo 70%-80%
da área em que estamos trabalhando”.
A agricultura foi introduzida na reserva paresi há
quase duas décadas. O faturamento anual, de quase R$ 6 milhões, transformou a
situação da aldeia, que já foi de miséria. Segundo o coordenador de projetos, a
atividade trouxe muitos benefícios para a comunidade. “As aldeias parecis hoje
ela é totalmente diferente de muitas..os índios que moram no cerrado paresi são
alguns dos que têm a vida mais digna hoje”, diz mente hoje”, afirma Arnaldo
Zunizakaê.
Para o presidente da cooperativa, o trabalho da
cooperativa – que só emprega indígenas – é um exemplo a ser seguido por outros
povos. “Através da agricultura, nós conseguimos suprir todas as necessidades e
carências na questão social, como alto índice de desnutrição e alto êxodo de
pessoas indígenas em busca de trabalho lá fora”, diz.
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