Bolsonaro diz que não vai sair do PSL
O presidente Jair Bolsonaro admitiu a deputados em
reunião na tarde desta quarta-feira que está decidido a sair da legenda, mas
que primeiro quer uma garantia jurídica para que os deputados que o acompanhem
na desfiliação ao PSL não percam seus mandatos e que a Justiça possa também
congelar os recursos partidários do PSL.
— A preocupação do presidente e da bancada é sair
do partido e deixar ele com um fundo monumental para ser usado na velha
política, sendo que foram eleitos por um movimento nosso — afirmou o federal
Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP).
Na esteira de Bolsonaro, o partido conquistou 11,6
milhões, um crescimento de 1.341% de votos, que engordou o cofre do PSL dos
nanicos R$ 6,2 milhões do fundo partidário ao longo de 2018 para o milionário
R$ 103 milhões em 2019, segundo o Tribunal Superior Eleitoral.
Aos deputados que participaram da reunião,
Bolsonaro disse acreditar que o Tribunal Superior Eleitoral possa “congelar” os
recursos do fundo partidário do PSL uma vez que eles foram adquiridos com votos
dele de parte dos deputados que estavam presentes.
A ideia é que o presidente nacional da legenda,
Luciano Bivar, ficaria impedido movimentar os R$ 8 milhões mensais que o
partido recebe para manutenção da legenda. Para aliados de Bolsonaro, congelar
os recursos já seria uma vitória para o presidente.
Os 17 deputados que participaram da reunião também
elaboraram uma carta de apoio ao presidente em que dizem que o PSL “ainda é o
caminho”. Segundo a colunista Bela Megale, o grupo diz que está comprometido
com o projeto encabeçado pelo presidente Jair Bolsonaro, mas que ainda aposta
em um diálogo que reunifique o PSL.
“Reiteramos o acordo firmado em 2018 com a grande
maioria dos brasileiros de construir um país livre da corrupção, em nome dos
valores republicanos voltados à consolidação da nossa bandeira de ética na
democracia e de justiça social. Para isso, é necessário construir uma
plataforma partidária ampla, cujo núcleo central é a solidez de um partido
orientado pelos princípios e valores expostos acima, que nos foram confiados e
seguem sendo defendidos pelos brasileiros. Esse partido, para nós, ainda é o
PSL”, diz a carta.
O deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS) garantiu que
a saída da legenda está definida, mas que o PSL estuda uma medida jurídica para
dar segurança aos deputados. Como o GLOBO mostrou ontem, Bolsonaro espera uma
consulta que o Podemos deve encaminhar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
para saber se, quando um partido incorpora outro, deputados podem migrar sem
serem considerados infiéis.
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