Advogado pró-armas e anti-MST é cotado para o Meio Ambiente
Ricardo Salles é fundador de movimento de direita e
já foi secretário da pasta no governo Alckmin, em São Paulo.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), fez
nesta terça-feira, 27, uma série de consultas para definir o nome que vai
chefiar o Ministério do Meio Ambiente. Em entrevista coletiva, ele disse que
pretende anunciar a escolha ainda nesta quarta-feira, 28. Entre os cotados está
o advogado Ricardo Salles, de 43 anos. Um dos criadores do Movimento Endireita
Brasil (MEB), Salles foi secretário de Meio Ambiente de São Paulo no governo de
Geraldo Alckmin (PSDB) e neste ano concorreu a deputado federal pelo Novo, mas
não se elegeu.
Antes de Salles, a preferência para ocupar a pasta
era pelo doutor em ecologia Evaristo de Miranda, diretor da Embrapa, que alegou
motivos pessoais para não aceitar o convite. No início da tarde desta terça,
Bolsonaro recebeu Salles no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde
trabalha a equipe de transição. “Por enquanto é só conversa. Não tem nada
concreto”, disse o advogado à reportagem.
O general Augusto Heleno Ribeiro, futuro chefe do
Gabinete de Segurança Institucional (GSI), telefonou para representantes do
agronegócio em São Paulo para ouvir avaliações sobre a eventual indicações de
Salles. A equipe de Bolsonaro também cogitou o nome do engenheiro agrônomo Xico
Graziano, oriundo do PSDB paulista, que enfrenta resistências do núcleo militar
do novo governo.
Desde a fundação do movimento, Ricardo Salles
provocou polêmicas com declarações sobre ditadura militar e aborto e na defesa
da pena de morte e do porte de armas. Durante a campanha, foi repreendido pelo
seu partido por apologia da violência em uma peça de campanha. No material, ele
anunciava sua candidatura prometendo segurança no campo: “contra a praga do
javali”; “contra a esquerda e o MST” e apontava como “solução” uma caixa de
munição com calibre alusivo a seu número de campanha.
Como secretário de Alckmin, ele teve uma gestão
marcada por divergências políticas com o PSDB. A favor do advogado, aliados de
Bolsonaro disseram que ele reduziu o número de cargos políticos, enxugando a
secretaria. Antes de se candidatar pelo Novo nas eleições deste ano, Salles
tentou sem sucesso se eleger deputado estadual em 2010 pelo PP.
Grupo de trabalho
O diretor da Embrapa Evaristo de Miranda disse a
Bolsonaro e aos futuros ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da
Agricultura, Tereza Cristina, que poderá contribuir com o governo na
inteligência e análise territorial. Ele é o responsável pela criação de um
grupo técnico na transição que faz uma radiografia da estrutura dos órgãos
ambientais do governo e do setor.
No próximo dia 5 de dezembro, Miranda entregará a
Bolsonaro o resultado do trabalho feito pelo grupo “exclusivo e específico”
para cuidar da área. “O grupo trabalhou muito e vai deixar tudo digitalizado”,
disse. “O que assusta é como o dinheiro não chega aos parques e a outras áreas
do meio ambiente”, completou Miranda.
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