Mulher transexual (TRAVESTI) é agredida após usar banheiro feminino em Crato e presta queixa na delegacia da mulher
Na manhã desta segunda-feira, a cabeleireira e
maquiadora Naomi Houston, de 25 anos, prestou queixa na Delegacia da Mulher
após ter sido expulsa e agredida por seguranças durante evento realizado na
AABB, neste Município no Cariri cearense. O caso aconteceu ontem a noite,
durante o popular “Forró dos Velhos”.
Segundo Naomi, por volta das 20h30, os seguranças a
aguardavam do lado de fora do banheiro feminino, quando pediram para que ela os
acompanhasse até a portaria. No trajeto, puxaram o braço da cabeleireira com
força até o lado de fora do clube, em seguida, foi empurrada até o chão.
Um dos homens disse que ela foi expulsa porque usou
o banheiro feminino. “A justifica foi só essa”, garante. Esta foi a primeira
vez que isso aconteceu com cabeleireira, que já frequentou o evento em outras
ocasiões. “Fui exposta a muita humilhação. Me senti um lixo. Eu paguei como todo
mundo”, acrescenta.
Com apoio da Associação de Defesa, Apoio e
Cidadania dos Homossexuais do Crato (Adacho) e do Centro de Referência da
Mulher, Naomi procurou a Delegacia da Mulher de Crato, onde registrou um
Boletim de Ocorrência. O caso será investigado. De acordo com o advogado de
Naomi, John Miricklley, este é o primeiro episódio de violência contra uma
mulher transexual registrado na delegacia. “Foi até uma surpresa”, admite.
“Estamos querendo insistir no crime de injúria”, acrescenta o advogado.
Procurado pela reportagem do Diário do Nordeste, o
organizador do “Forró dos Velhos”, Francisco Leitão Moura, disse que ligou,
ontem mesmo, para a vítima e pediu desculpas em nome do evento. Ele assegurou
que as pessoas envolvidas no caso já foram afastadas. “O objetivo do evento é
justamente dar oportunidade às pessoas idosas de terem lazer, de se inserir,
combater a discriminação. É um sentimento que já luto há 23 anos. Então, não
tinha sentido algum estar excluindo ninguém”, afirmou Leitão, acrescentando que
a própria renda do evento é revertida para instituições que fazem trabalho com
pessoas carentes.
Naomi acredita que a denúncia foi importante para
garantir os direitos das pessoas transexuais que são vítimas de violência e
para que episódios como este não voltem a acontecer. “Qualquer pessoa que se
sinta humilhada tem que denunciar. É o seu direito”, conta.
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