Agricultor de MS escreve ‘Bolsonaro 2018’ em lavouras de soja e milho
Inscrição foi feita por meio de sistema que define
quais áreas do solo recebem e quais não recebem as sementes lançadas por
máquinas plantadeiras.
O projeto Comprova, criado para investigar boatos
na eleição presidencial, verificou imagens aéreas que vêm sendo compartilhadas
pelo WhatsApp e nas redes sociais e que mostram a inscrição “Bolsonaro 2018” em
duas lavouras, uma de soja e outra de milho. Elas são verdadeiras.
As fotos foram feitas em duas fazendas localizadas
em Mato Grosso do Sul, nas cidades vizinhas de Maracaju e Sidrolândia, no fim
do ano passado, na época do plantio da soja, e neste ano, no período do plantio
de milho. As terras são da família Basso. Ari Basso, um dos proprietários, é
ex-prefeito de Sidrolândia. Ele foi eleito em eleição suplementar em 2013 e
ficou no cargo até dezembro de 2016.
Em 18 de janeiro deste ano, o próprio candidato à
Presidência Jair Bolsonaro (PSL) publicou no seu Facebook um vídeo que mostra
um avião decolando e, ao lado, a inscrição com o seu nome. Fotos deste mesmo
cenário voltaram a circular no WhatsApp nas últimas semanas, principalmente
depois que Bolsonaro voltou a publicar uma imagem da inscrição nas suas redes.
A inscrição foi feita por meio de um sistema que
define quais áreas recebem e quais não recebem as sementes lançadas ao solo
pelas máquinas plantadeiras. As letras surgem graças ao contraste entre as
áreas plantadas e as não plantadas.
Gabriel Basso, um dos proprietários das fazendas,
explicou que as inscrições nas duas plantações foram feitas por máquinas com o
sistema operacional Apex, da John Deere, uma tradicional fabricante de máquinas
agrícolas. Segundo o site da empresa, trata-se de um “software de gestão de
informações geográficas com diversas ferramentas de administração de mapas e
informações coletadas em campo”.
“Esses desenhos são feitos na Trackmaker sobre uma
foto de satélite, depois importados para um programa compatível com o sistema
operacional das máquinas e então transferidos para o monitor do trator via pen
drive. A própria máquina entende que na área interna das letras não é para
plantar, então não cai semente”, explica Gabriel.
Ele também garante ser o autor das imagens que
estão circulando com a inscrição, inclusive do vídeo compartilhado por
Bolsonaro. “Todas as fotos e vídeos foram feitos por mim com meu drone,
inclusive o vídeo do avião decolando ao lado da escrita. Exceto apenas algumas
tiradas de dentro de aviões”, disse. Segundo ele, a inscrição só é visível a no
mínimo 20 metros de altura.
Além do relato do fazendeiro, o projeto Comprova
conseguiu o histórico de imagens de satélite em serviços como Planet.com e
Google Earth. Na fazenda Estância Gaúcha, em Sidrolândia, é possível ver a
inscrição na plantação de milho em fotos feitas entre junho e julho de 2018
(coordenadas -21.240501, -55.559463). Na propriedade Engenho 2, em Maracaju, o
nome do presidenciável é visível na lavoura de soja entre novembro de 2017 e
fevereiro de 2018 (coordenadas -20.998326, -55.259964).
Bolsonaro teve atuação militar na região. Entre
1979 e 1981, no período da ditadura, o capitão serviu ao Exército Brasileiro em
Nioaque, município vizinho às fazendas onde as inscrições foram feitas.
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