Governo FHC recebeu US$ 100 milhões de propina da Petrobras, afirma Nestor Cerveró em delação premiada
Informação do ex-diretor foi dada à PGR antes de
formalizar delação.
Compra da empresa argentina pela Petrobras ocorreu
em 2002.
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras
Nestor Cerveró, disse à Procuradoria-Geral da República (PGR), antes de fechar
o acordo de delação premiada, que a venda da petrolífera Pérez Companc envolveu
pagamento de propina no valor de US$ 100 milhões ao governo de Fernando
Henrique Cardoso (FHC).
O documento em que consta a informação foi obtido
pela RPC. Cerveró está preso pela Lava Jato desde janeiro do ano passado.
A compra da empresa argentina pela Petrobras
ocorreu em 2002. Ainda de acordo com o depoimento, Cerveró disse que quem
repassou essa informação a ele foram os diretores da Pérez Companc e Oscar
Vicente, ligado ao ex-presidente argentino Carlos Menem.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou
que afirmações vagas, sem especificar pessoas envolvidas, e servem apenas para
confundir e não trazem elementos que permitam verificação.
"Não tenho a menor ideia da matéria. Na época
o presidente da Petrobrás era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem
qualquer ligação politico partidária. Afirmações vagas como essa, que se
referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um
ex-presidente da Petrobras já falecido, sem especificar pessoas envolvidas,
servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”.
Nestor Cerveró cita US$ 100 milhões de propina ao
governo de FHC
Informação do ex-diretor foi dada à PGR antes de
formalizar delação.
Compra da empresa argentina pela Petrobras ocorreu
em 2002.
Adriana Justi e Marcelo Rocha
Do G1 PR e da RPC
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras
Nestor Cerveró, disse à Procuradoria-Geral da República (PGR), antes de fechar
o acordo de delação premiada, que a venda da petrolífera Pérez Companc envolveu
pagamento de propina no valor de US$ 100 milhões ao governo de Fernando
Henrique Cardoso (FHC).
O documento em que consta a informação foi obtido
pela RPC. Cerveró está preso pela Lava Jato desde janeiro do ano passado.
A compra da empresa argentina pela Petrobras
ocorreu em 2002. Ainda de acordo com o depoimento, Cerveró disse que quem
repassou essa informação a ele foram os diretores da Pérez Companc e Oscar
Vicente, ligado ao ex-presidente argentino Carlos Menem.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou
que afirmações vagas, sem especificar pessoas envolvidas, e servem apenas para
confundir e não trazem elementos que permitam verificação.
"Não tenho a menor ideia da matéria. Na época
o presidente da Petrobrás era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem
qualquer ligação politico partidária. Afirmações vagas como essa, que se
referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um
ex-presidente da Petrobras já falecido, sem especificar pessoas envolvidas,
servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”.
Venda envolveu propina ao governo de FHC, segundo
Cerveró (Foto: Reprodução)
Menem foi condenado em janeiro de 2015 a quatro
anos e meio por um caso de corrupção durante seu governo (1989-1999). Em junho
de 2013, Menem também foi condenado a sete anos de prisão por sua
responsabilidade no contrabando de armas para a Croácia e o Equador durante seu
governo.
Já Oscar Vicente, segundo Cerveró, seria o
principal operador de Menem. "Durante os primeiros anos da nossa gestão,
permaneceu como diretor da Petrobras na Argentina", argumentou o
ex-diretor da Petrobras.
A delação de Cerveró foi homologada recentemente e
segue em segredo de Justiça. Nela, Cerveró cita possíveis pagamentos de propina
aos senadores Renan Calheiros (PMDB), Jader Barbalho (PMDB) e Delcídio do
Amaral (PT), que foi preso no dia 25 de novembro.
Prêmios milionários
Cerveró também argumentou à PGR que diretores da
Companc e Oscar Vicente receberam prêmios milionários pela negociação da
petrolífera.
"Cada diretor da Perez Companc recebeu um
milhão de dólares como prêmio pela venda da empresa e Oscar Vicente 6 milhões.
Nos juntamos a Perez Compac com a Petrobras Argentina e criamos a Pesa
(Petrobras Energia S/A) na Argentina", declarou Cerveró.
Transener
No resumo, Cerveró também citou a intermediação
dele na venda da Transener, uma empresa de transmissão de energia da Argentina,
em 2007. A Petrobras tinha participação no negócio desde que comprou a Perez
Companq. O delator disse que participou de reuniões com um ministro argentino e
de um jantar para tratar da venda da Transener para um grupo argentino.
Cerveró afirmou que a maior parte da propina ficou
na Argentina, tendo ele e Fernando Baiano recebido US$ 300 mil cada. Baiano
também é delator e já foi condenado como operado do esquema de corrupção na
estatal.
Na delação, Baiano também falou sobre a Transener e
confirmou os recebimentos de valores dele e de Cerveró. Disse, ainda, que
estavam envolvidos no negócio o atual presidente do Senado Renan Calheiros
(PMDB-AL), o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), o senador Jader Barbalho
(PMDB-PA), além do então ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e do
ministro argentino Julio de Vido.
Baiano não detalhou, no entanto, qual foi a
participação de cada um no negócio.
A assessoria do senador Renan Calheiros afirmou que
ele negou as declarações e que já prestou as informações requeridas.
Jader Barbalho afirmou que teve acesso à delação de
Fernando Baiano. Segundo o senador, Baiano não cita o nome dele em negociação
de empresa argentina.
Jader Barbalho disse ainda que Baiano ouviu de
Nestor Cerveró que políticos pediram ajuda financeira para a campanha eleitoral
de 2006. O senador afirmou que não conhece Fernando Baiano e que está
tranquilo.
A Transener declarou que desconhece o pagamento de
propina e que os fatos se referem a uma outra gestão.
Nestor Cerveró e a Petrobras não comentaram
A TV Globo não conseguiu contato com Fernando
Baiano, Aníbal Gomes, Silas Rondeau e nem com os argentinos Julio de Vido,
Oscar Vicente e a empresa Pérez Companc.
Investigação
De acordo com a Polícia Federal (PF) e com o
Ministério Público Federal (MPF), Cerveró, na condição de diretor Internacional
da Petrobras, se beneficiou do esquema de fraude, corrupção e desvio de
dinheiro, recebendo propinas milionárias em virtude de diferentes contratos da
Petrobras e também na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
O ex-diretor já foi condenado duas vezes pela
Justiça Federal por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se
somadas, as penas ultrapassm 17 anos de prisão.
Delação premiada
A deleção premiada de Cerveró foi homologada após a
divulgação de uma gravação feita numa reunião do senador Delcídio do Amaral com
o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro e o filho de
Cerveró, Bernardo. Diogo Ferreira teve a prisão temporária convertida para
preventiva.
A conversa foi gravada por Bernardo, com um celular
no bolso. Nela, eles discutiram um plano para evitar que o ex-diretor da
Petrobrás, Nestor Cerveró assinasse um acordo de delação premiada.
O senador Renan Calheiros nega a imputação e
reitera que suas relações com empresas públicas ou privadas nunca ultrapassaram
os limites institucionais. Já a defesa do senador Delcídio Amaral afirmou que
não vai se manifestar. A assessoria de imprensa de Jader Barbalho informou que
o senador não vai se pronunciar por enquanto.
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