Tribunais definirão caso de Lula antes de eleições, afirma Gilmar Mendes
Ministro do STF e presidente
do TSE considera natural que julgamento do recurso do petista na segunda
instância seja julgado já em janeiro.
O presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, declarou na noite desta
sexta-feira que considera natural que o julgamento do recurso do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4)
tenha sido marcado para o dia 24 de janeiro de 2018. A 8ª Turma do tribunal
decidirá se mantém ou não a condenação do petista a 9 anos e 6 meses de prisão
pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo da Lava
Jato envolvendo o tríplex do Guarujá, supostamente dado ao petista como propina
pela empreiteira OAS. Apoiadores de Lula criticaram a data, afirmando que houve
pressa do TRF4.
“No próprio Supremo Tribunal
Federal, nós damos prioridade para os processos mais sensíveis. Então, não vejo
como censurar o Tribunal Regional de Porto Alegre por ter dado – se é verdade
que deu – prioridade em nome da segurança jurídica. Nós estamos vivendo um
ambiente político bastante tenso, então é normal que haja reclamação”,
considerou Gilmar, durante a entrega da Ordem do Mérito do TSE de 2017 a
diversas autoridades, no Rio de Janeiro.
Segundo o ministro do STF, as
demais instâncias jurídicas deverão se esforçar para, se for mantida a
condenação do ex-presidente, julgar os recursos da defesa dele antes das
eleições. Lula lidera as pesquisas eleitorais à Presidência da República. “Eu
tenho impressão de que todos os tribunais terão essa responsabilidade, de
evitar um quadro de conflituosidade. Isso é uma marca dos tribunais, a
responsabilidade institucional, de não permitir que um quadro grave se torne
ainda mais grave”, completou Gilmar Mendes.
Também estiveram presentes na
solenidade, entre outras autoridades, os ministros da Justiça, Torquato Jardim,
e do STF, Luiz Fux, próximo presidente do TSE, sucedendo a Gilmar em fevereiro.
‘Problemas sérios’ com
notícias falsas
Gilmar Mendes previu que as
eleições de 2018 serão um desafio para o combate às notícias falsas veiculadas
pela internet. Segundo ele, como a campanha terá apenas 40 dias, será
necessário agilidade para combater e retirar da rede conteúdos inverídicos contra
candidatos.
“O nosso temor é que, numa
campanha de 40 dias, a gente tenha problemas sérios com divulgação de fatos
inverídicos. Até você constatar que é uma fake news ou não, é um desafio. O
problema é detectar e depois retirar. Como você faz isso na rede? Nós estamos
lidando, muitas vezes, com sites sediados no exterior e o limite da Justiça é
territorial. Então, temos que ter colaboração com esses provedores e isso é um
novo aprendizado e um novo desafio”, disse Gilmar.
O presidente do TSE também prevê
que, além do combate às “fake news”, haverá dificuldades extras no pleito do
próximo ano em função da quantidade de candidatos, da prática de caixa dois
eleitoral e até da participação do crime organizado em campanhas de candidatos.
“Certamente, vamos ter
eleições difíceis e desafiadoras. Porque continuamos a ter o mesmo sistema
eleitoral que tínhamos no passado, um modelo de muitos candidatos, um sistema
proporcional aberto e uma perplexidade quanto ao financiamento. O Congresso
aprovou um fundo de R$ 1,9 [bilhão], mas é notoriamente insuficiente.
O grande
desafio da Justiça Eleitoral e também dos partidos é a fiscalização. Pois,
certamente, vamos ter problemas de caixa 2 e com tentativas do crime organizado
de estar nas eleições”, alertou o ministro.
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