Moro ignora crítica de Lula e diz que não debate publicamente com condenados
O juiz federal Sérgio Moro
disse nesta sexta-feira, que "não debate publicamente com pessoas
condenadas por crime" e se negou a responder fala do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, para quem a atuação da Justiça tem servido para
desmoralizar a Petrobrás e o Rio de Janeiro.
Após participar de evento na
sede da estatal do petróleo, no centro do Rio, Moro ainda criticou o foro
privilegiado e disse que casas legislativas podem agir 'com desvio de poder',
ao evitar a prisão de parlamentares.
"O foro privilegiado fere
o princípio da igualdade. Todas as pessoas têm que ser tratadas de maneira
igual perante a lei. O princípio da igualdade está na base da nossa democracia.
Por outro lado, na prática, os tribunais superiores estão assoberbados de
processos, estão sobrecarregados de recursos", afirmou.
Segundo o juiz, é preciso
pensar também nos mecanismos de proteção jurídica dos agentes políticos.
"Houve aquela discussão
se está sujeita ou não uma prisão de um parlamentar a uma casa legislativa, não
vou entrar no mérito da controvérsia. Mas, ainda que se for reconhecer alguma
espécie de proteção, ela deve ser utilizada para proteger o parlamentar quanto
a eventual perseguição política por conta da sua opinião pública e não para
protegê-lo de investigações ou perseguições por corrupção", acrescentou o
juiz da Lava Jato.
COM A PALAVRA, LULA
A defesa do ex-presidente Lula
entrou em contato como Estado pedindo para se posicionar sobre as declarações
de Moro. De acordo com a defesa, "O discurso feito hoje pelo juiz Sérgio
Moro na sede da Petrobras por si só compromete a aparência de imparcialidade e
pode motivar o reconhecimento da sua suspeição."
De acordo com o advogado de
Lula, Cristiano Zanin Martins, "em nenhum lugar do mundo seria aceitável
que o juiz da causa fosse visitar uma parte para dar conselhos jurídicos a ela.
A Petrobras se habilitou como parte interessada nas ações penais que tramitam
na Justiça de Curitiba. Algumas dessas ações estão pendentes de julgamento,
inclusive envolvendo o ex-presidente Lula", afirmou.
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