Vamos sair do governo pela porta da frente, como entramos, diz Aécio
Dois dias depois de destituir
o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do PSDB, o senador
Aécio Neves (MG), presidente afastado do partido, participou da convenção
tucana em Minas Gerais que reelegeu seu aliado, o deputado Domingos Sávio,
presidente da legenda no Estado.
Em entrevista no final do evento, neste
sábado, 11, Aécio reconheceu que o PSDB deixará em breve o governo Michel
Temer, mas criticou os "cabeças pretas", ala que faz oposição ao
Palácio do Planalto. "Vamos sair do governo pela porta da frente, da mesma
forma que entramos", disse o senador.
De acordo com o senador, há no
PSDB "um convencimento de todos" de que está chegando o momento de
deixar o governo. "Quero sugerir aos dois candidatos (à presidência do
partido) que convoquem os ministros do PSDB para uma reunião e que definam o
momento da saída". Aos jornalistas, Aécio afirmou que, após a posse de
Temer, chegou a "aventar" Tasso Jereissati para ocupar o Ministério
de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Segundo Aécio, há no partido
uma "falsa discussão" sobre a permanência ou debandada dos tucanos da
Esplanada dos Ministérios. "Vejo uma falsa discussão, como se essa fosse a
questão central: sai ou não do governo. Isso só serve aos interesses de uma
eleição interna", afirmou. "Não posso aceitar a pecha de que a
presença do PSDB no governo é fisiológica".
"Não vejo os cabeças
pretas defenderem as reformas com o mesmo ímpeto que defendem a saída do
governo. Boa parte desta discussão é uma desculpa para não votar a agenda de
reformas", disse Aécio. "A juventude nos estimula com ideias, mas não
é por si só sinônimo de virtude. "Adenauer, com mais de 70 anos de idade,
reconstruiu a Alemanha, e Nero, com 20 anos, botou fogo em Roma", afirmou
o tucano, se referindo ao chanceler alemão Konrad Adenauer, e ao imperador romano
Disputa interna. Sobre a
destituição de Tasso e a indicação do ex-governador Alberto Goldman para ocupar
a presidência interina do PSDB, Aécio afirmou que agiu "com a
responsabilidade de sempre".
Ao falar sobre esse ponto, o
senador cometeu um ato falho. "No momento em que indiquei Tasso para
assumir a presidência da República (sic), o fiz pelo fato de ele não ser
candidato à própria reeleição. Não seria lícito que eu indicasse alguém para a
interinidade e esse alguém a utilizasse para construir uma candidatura".
Aécio disse ainda que, quando sugeriu o nome de Tasso para assumir o cargo,
assumiu com isso um desgaste e contrariou a posição "unânime" da
bancada federal que, segundo ele, apresentava o nome de outro candidato.
Após ser flagrado em um áudio
pedindo empréstimo a Joesley Batista, Aécio se afastou da presidência do
partido. Naquele momento, o favorito da bancada era o deputado federal Carlos
Sampaio (SP), da ala dos “cabeças pretas”.
2018. Alvo de oito inquéritos
e de uma denúncia perante o Supremo Tribunal Federal, Aécio Neves disse, neste
sábado, que "estará nas urnas" no ano que vem. O senador não quis
deixar claro a qual cargo pretende se candidatar, mas afirmou não haver
"cogitação" de tentar vaga na Câmara dos Deputados.
O senador comentou também a
possibilidade de o apresentador Luciano Huck, ser candidato à Presidência da
República. "É um pouco a falência política. É o momento de desgaste
generalizado. O Luciano é um sujeito capaz, muito inteligente, agora, o Brasil
vai precisar conhecer o que ele pensa. Nas mais variadas questões. O tempo é
que vai dizer se ele está ou não preparado".
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