Um terço dos membros da CPI da JBS foi financiado pela empresa
Recém-criada no Congresso, a CPI mista da JBS tem
cerca de um terço de seus atuais integrantes financiados pela empresa, líder
mundial de processamento de carnes. Ao todo, foram cerca de R$ 4 milhões doados
para as campanhas que elegeram 15 parlamentares dos 49 que fazem parte do
colegiado.
A comissão, que nesta terça-feira, 12, teve a sua
primeira reunião de trabalho, ainda tem 19 vagas para serem preenchidas. A
maior parte é do PMDB do Senado, que deve indicar os nomes apenas hoje.
O líder da bancada, senador Raimundo Lira
(PMDB-PB), admite dificuldade para convencer os colegas. “Quem recebeu doação
está se sentindo, digamos assim, desconfortável em fazer parte da CPI”, afirmou
Lira ao Estado. Ao todo, dez dos 23 senadores da bancada peemedebista receberam
doação da JBS durante suas campanhas.
A reunião desta terça-feira, da CPI foi marcada
pela polêmica em torno da escolha do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) como
relator. Integrante da tropa de choque do presidente Michel Temer no Congresso,
a indicação do peemedebista foi articulada pelo Palácio do Planalto, que queria
alguém alinhado ao governo no cargo.
A escolha provocou a saída de ao menos dois
senadores do colegiado. Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Otto Alencar (PSD-BA)
desistiram de fazer parte da CPI. “Essa CPI é chapa branca para fazer o que o
Palácio do Planalto quer. Estou envergonhado”, disse Otto antes de deixar a
reunião, com direito a bater a porta da sala na saída. “Esta comissão não pode
ser ajuste de contas. Isto deforma o sentindo da investigação”, afirmou
Ferraço.
Marun é dos que receberam da JBS. Ao todo, foram R$
103 mil doados para a campanha que o elegeu, em 2014. Questionado ontem, o
deputado disse não ver constrangimento em ser relator de uma CPI que tem como
um dos objetivos investigar os termos do acordo de colaboração que a empresa
firmou com o Ministério Público Federal. “A minha atuação vai ser em busca da
verdade. Nós temos um plenário.
Se houver atitude minha que possa ser
contestada, o plenário está aí para fazê-lo”, afirmou Marun.
Para o deputado, a CPI não pode ter “medo” de se
debruçar sobre os termos da delação premiada da empresa, que tem Temer como
principal alvo. “Temos delatores presos, procurador pedindo prisão de
procurador. Não podemos fazer vistas grossas a essa situação", afirmou
Marun. "Existem atuações controversos de setores da PGR. Tem colega nosso
que só de falar em procurador já tem medo. Esse não é o meu caso. Estamos aqui
para avançar a verdade doa a quem doer.”
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