Temer tinha poder de decisão em 'quadrilhão' do PMDB, diz Polícia Federal
Relatório da Polícia Federal
enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta segunda-feira (11), em um
inquérito que apura uma suposta organização criminosa formada por membros do PMDB
da Câmara, conclui que o presidente Michel Temer tinha poder de comando no
grupo e utiliza terceiros para executar tarefas sob seu controle. O inquérito,
conhecido como "quadrilhão do PMDB", tem ainda como alvos os
ex-deputados Eduardo Cunha (RJ), Geddel Vieira Lima (BA) e Henrique Alves (RN),
os três presos devido a diferentes investigações.
"Ao lado de Eduardo
Cunha, os elementos analisados nos autos demonstram que o presidente Michel
Temer possui poder de decisão nas ações do grupo do 'PMDB da Câmara', tanto
para indicações em cargos estratégicos quando na articulação com empresários
beneficiados nos esquemas, para recebimento de valores, sob justificativa de
doações eleitorais", diz a PF.
"E, como em toda organização
criminosa, com divisão de tarefas, o presidente Michel Temer se utiliza de
terceiros para executar ações sob seu controle e gerenciamento. Assim, podemos
identificar nos autos diversas situações em que utiliza de Moreira Franco
[ministro da Secretaria-Geral] e Eliseu Padilha [ministro da Casa Civil] e
mesmo de Geddel Vieira [Lima] como longa manus, e seus prepostos, a exemplo da
captação de recursos da Odebrecht e OAS (concessão dos aeroportos)."
"De forma consistente, foi apontado como uma das figuras centrais
beneficiadas em pagamentos pelo grupo JBS, inclusive com possível recebimento
de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), por intermédio do ex-deputado Federal
e ex-assessor Rodrigo da Rocha Loures, acompanhado em ação controlada executada
pela Polícia Federal, um dos pontos de destaque da 'operação Patmos'",
afirma o relatório. Segundo a PF, um fato relevante que demonstra a ascensão de
Temer sobre o PMDB da Câmara ocorreu em abril de 2015, quando a então
presidente Dilma Rousseff o nomeou como articulador político do governo, após
extinção da Secretaria de Relações Institucionais. "Conforme reportagens
da época, o objetivo de tal mudança de interlocutor do governo seria aproveitar
a vasta experiência no trato com o Poder Legislativo do então vice-presidente
[Temer], para melhorar o relacionamento do governo Dilma com o Congresso
Nacional, principalmente com o PMDB", diz a PF.
O relatório, assinado
pelos delegados Marlon Cajado e Cleyber Lopes, lista uma série de vantagens
supostamente recebidas pelo presidente: "R$ 500.000,00 (quinhentos mil
reais) pagos para Rocha Loures (OPERAÇÃO PATMOS). R$ 10.000.000,00 (dez milhões
de reais), em doações pelo Grupo ODEBRECHT.
Há ainda notícia de R$
20.000.000,00 (vinte milhões de reais) referente ao PAC SMS da ODEBRECHT.
Soma-se ainda notícia de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) supostamente pago
ao coronel [João Baptista] Lima, pelo Grupo J&F INVESTIMENTOS." E
continua: "Ainda houve circulação de valores decorrentes de esquemas
ilícitos que foram pagos 'a pedido' de Michel Temer, como os R$ 5.460.000,00
(cinco milhões quatrocentos e sessenta mil reais) empregados na campanha de
Gabriel Chalita à Prefeitura da cidade de São Paulo/SP, o qual era apadrinhado
político do Presidente Michel Temer.
Por fim, há que se considerar as doações
oficias e em 'caixa 2' realizadas em favor da campanha do seu também
apadrinhado político, Paulo Skaf, para Governador do Estado de São Paulo nas
eleições de 2014."
Fonte http://www1.folha.uol.com.br
Fonte http://www1.folha.uol.com.br
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