Novo depoimento de Lula a Moro deve contar com mil policiais
Ex-presidente será novamente ouvido por Moro nesta
quarta-feira, em Curitiba; militantes preparam ato de apoio.
O esquema de segurança para o segundo depoimento do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao juiz Sergio Moro, marcado para
a próxima quarta-feira (13), às 14h, na sede da Justiça Federal do Paraná
(JFPR), em Curitiba, deve contar com mil policiais e ao menos outros 500
agentes.
A informação foi confirmada na tarde de hoje pelo secretário de Estado
da Segurança Pública, Wagner Mesquita, após uma reunião a portas fechadas com
diversos representantes do governo e da sociedade civil organizada. O
interrogatório é relativo à ação penal em que o petista é réu por suposto
recebimento de propinas da empreiteira Odebrecht.
O efetivo é mais modesto do que o utilizado no dia
10 de maio, quando ocorreu a primeira oitiva de Lula a Moro. Naquela ocasião,
haviam três mil homens, sendo 1,7 mil PMs, alguns dos quais deslocados do
interior do Estado. "O planejamento operacional é basicamente o mesmo, com
volume menor, considerando que temos um numero menor de pessoas
confirmadas", disse Mesquita. Segundo ele, 40 ônibus, trazendo 2,5 mil
militantes de diversas partes do País, são esperados.
Já há um interdito proibitório para a praça em
frente à JFPR, localizada no bairro Ahú e onde costumam se reunir grupos de
apoio à Operação Lava Jato, iniciando às 6h. O chefe da pasta contou que os
pontos de bloqueio se estenderão para duas quadras do local, a partir do
meio-dia. "A Justiça vai ter seu expediente interno e administrativo
normal, porém, com acesso controlado". Além dos PMs, estarão a postos
bombeiros, policiais civis, agentes de trânsito, policiais rodoviários
estaduais e federais, policiais federais e guardas municipais.
"Não abrimos mão de fazer a fiscalização das
estradas. Os ônibus que venham com a documentação em dia, em bom estado e sem
nenhum material que não seja condizente com uma manifestação democrática. Da
outra vez, apreendemos foices, facas e estamos solicitando aos movimentos de
apoio ao ex-presidente que não tragam esse tipo de material", completou.
Os custos da operação ainda não foram divulgados. Em maio, foram desembolsados
R$ 150 mil. "A gente estima [um custo] menor.
Mas vamos investir em
segurança, para garantir uma manifestação tranquila e um ato de Justiça sendo
feito sem constrangimento", defendeu o secretário.
Reunião a portas fechadas com diversos
representantes do governo e da sociedade civil organizada definiu esquema de
segurança de novo depoimento de Lula a Moro.
Ele não descartou nem o uso de helicópteros, nem de
atiradores de elite. "É um ato que reúne milhares de pessoas, com
ideologias diferentes. Temos a obrigação de empregar todos os meios, se
necessário. Estamos aqui como técnicos que somos. No outro evento (em maio),
havíamos recebido informes de mais de 60 mil pessoas e movimentos antagônicos,
com mensagens de ódio. O planejamento foi voltado a evitar o confronto. E só o
fato de não ter havido nenhum fato negativo, ninguém se feriu ou houve dano ao
patrimônio, justifica", acrescentou.
Os manifestantes pró-Lula, encabeçados pelas
frentes Brasil Popular (FBP) e Resistência Democrática (FRD) e também pelo
Fórum de Lutas 29 de Abril, pretendem se reunir na Praça Generoso Marques, no
centro da capital, a partir das 15 horas.
Estão previstas apresentações culturais, uma "aula pública"
com o jurista Eugênio Aragão, professor da Universidade de Brasília (UnB),
ex-procurador do Ministério Público Federal (MPF) e ex-ministro da Justiça
durante o governo de Dilma Rousseff (PT), e ainda o lançamento de um livro de
101 juristas sobre a Lava Jato. Já os grupos contrários ao petista e de apoio à
operação vão se concentrar em frente ao Museu Oscar Niemeyer, no Centro Cívico.
Ex-ministro de Dilma e ex-chefe de gabinete do
ex-presidente, Gilberto Carvalho participou da reunião, representando o Partido
dos Trabalhadores (PT). Ele falou que Lula deve chegar nesta terça-feira (12),
provavelmente de ônibus. "“Isso está sendo discutido. Vai depender do
conforto dele, mas é provável que venha na véspera sim, via rodoviária. Estamos
preparando um movimento como no 10 de maio, de solidariedade, apoio e carinho.
Convidamos a militância para uma manifestação pacífica. Queremos de novo que
ele se sinta apoiado, pois acreditamos na inocência dele, na verdade, e esperamos
que tenha um ótimo desempenho"”, afirmou. Conforme Carvalho, a expectativa
é de que Lula se dirija à praça após a oitiva, para se encontrar com os
manifestantes. São esperadas em torno de cinco mil pessoas.
Nenhum comentário