Temer demite aliados de ‘traidores’ para conter rebelião no Congresso
O
número de demissões deve chegar a cerca de 140, segundo articuladores políticos
do governo.
Depois
de uma ameaça de rebelião em sua base no Congresso, o Palácio do Planalto
começou a demitir mais de uma centena de aliados de deputados que votaram a
favor da denúncia contra Michel Temer.
O
número de demissões deve chegar a cerca de 140, segundo articuladores políticos
do governo. Estão sendo punidos parlamentares de todos os partidos em que houve
“traições” ao presidente.
Os
cargos serão redistribuídos a congressistas que ajudaram a rejeitar a abertura
de processo criminal contra Temer. Novas indicações para esses postos já foram
feitas e estão em análise pela Casa Civil.
Dezenas
de exonerações ocorreram na última semana. Parte das demissões aconteceu em
direções regionais de órgãos como Incra (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária), Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e ANM (Agência Nacional
de Mineração).
Temer
hesitava em fazer essa devassa para não criar novas tensões na Câmara, mas
decidiu acelerar as mudanças em escalões intermediários do governo para tentar
aplacar as reclamações de partidos de sua base.
As
siglas da coalizão de Temer cobravam os cargos ocupados por nomes apadrinhados
por deputados que votaram contra o presidente em 2 de agosto, quando foi
analisada a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o peemedebista
por corrupção passiva.
A
demora do governo em atender a esse pedido provocou ameaças de derrota do
governo em votações importantes, como o Refis (programa de refinanciamento de
dívidas tributárias), e travar a discussão sobre a reforma da Previdência.
Essa
instabilidade na base de Temer também preocupava o governo diante da iminência
da apresentação de uma nova denúncia contra o presidente, que também deverá ser
votada na Câmara.
Diante
da crise, o governo decidiu exonerar logo os aliados dos parlamentares infiéis,
sob a justificativa de que os votos a favor da primeira denúncia atingiram a
honra do presidente.
Foram
demitidos, por exemplo, superintendentes regionais do Incra indicados pelos
deputados Fernando Francischini (SD-PR), Laércio Oliveira (SD-SE) e Carlos
Manato (SD-ES).
O
deputado Alan Rick (DEM-AC), que havia prometido votar com Temer e recuou,
perdeu um cargo na Funasa no Acre.
Também
foram exonerados um diretor da Agência Nacional de Mineração apadrinhado por
Paulo Foletto (PSB-ES) e um delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário
no Espírito Santo indicado por Manato.
Todos
esses parlamentares votaram contra Temer. O governo vai redistribuir esses
cargos para premiar os deputados que ajudaram a barra a denúncia, além de
negociar a aprovação de projetos de seu interesse e reabrir a discussão sobre a
reforma da Previdência.
Articuladores
do Planalto acreditam que as demissões assinadas esta semana já melhoraram o
ambiente a favor do governo na Câmara.
O
Planalto conseguiu, por exemplo, quorum para votar a nova taxa de juros do
BNDES na manhã da última quinta (24), dia tradicionalmente esvaziado no
plenário.
Persistem
focos de insatisfação na base aliada, entretanto, principalmente em relação aos
cargos ocupados pelo PSDB. Quase metade da bancada tucana votou contra Temer,
mas o presidente quer evitar uma punição em massa ao partido para tentar
conquistar votos a favor de sua agenda de reformas.
Fonte:
Folha de S. Paulo
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