Fiança faz Eike Batista pôr à venda lanchas e Lamborghini
Em prisão domiciliar,
empresário tenta se livrar dos custos de carros e embarcações e juntar dinheiro
para pagar valor cobrado pela Justiça.
Em prisão domiciliar e
afastado de seus negócios, o empresário Eike Batista quer evitar a deterioração
de bens bloqueados pela Justiça e, ao mesmo tempo, busca se livrar do custo de
sua manutenção.
Carros e embarcações que eram
símbolo de seu antigo império – como o Lamborghini Aventador branco que
enfeitava a sala de sua casa – estão na lista dos bens que o fundador do Grupo
X tenta se desfazer, conforme documentos obtidos pelo Estado/Broadcast. Para
isso, o empresário vai precisar antes da autorização da Justiça.
O primeiro pedido para a venda
antecipada dos bens foi feito no começo do ano.
Desde então, surgiram novos
candidatos a comprar a frota do empresário. Eike tem os esportes náuticos como
uma de suas paixões. O empresário bateu, em 2006, o recorde de velocidade da
travessia Rio-Santos com uma de suas lanchas.
O dinheiro levantado ficará
bloqueado na Justiça e parte pode ser usado pelo empresário no plano de
pagamento da fiança de R$ 52 milhões, acertado em maio com o juiz da 7.ª Vara
Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, responsável pelos desdobramentos da
Lava Jato no Estado. Além da 7.ª Vara, Eike tem bens bloqueados em processos na
3.ª Vara Federal Criminal.
“A juíza da 3.ª Vara (Rosália
Monteiro Figueira) autorizou a avaliação dos bens. Na 7.ª Vara já há
autorização para a venda de uma das embarcações”, disse Martins, sem detalhar
qual delas. Em 2014, quando Eike tentou vender pela primeira vez o Lamborghini Aventador
modelo 2012 o preço estimado era de R$ 2,5 milhões.
Entre as lanchas e jet skis do
empresário, ao menos quatro deles já foram avaliados, em um total de R$ 3,6
milhões. A mais cara é a lancha Spirit of Brazil Intermarine 680, avaliada em
R$ 3,5 milhões. A embarcação já tem um candidato a dono, que ofereceu R$ 2,5
milhões à vista.
Há ainda uma lancha de pequeno
porte batizada de Thorolin, em referência aos filhos do empresário Thor e Olin,
e dois jet skis, um de R$ 42 mil e outro de R$ 52 mil. A avaliação foi entregue
neste mês.
Uma segunda proposta foi feita
por uma lancha da italiana Ferretti. Nesse caso, foram oferecidos R$ 400 mil,
mas o valor de avaliação não foi informado.
Paradas. O empresário tem
embarcações no Rio e em Angra dos Reis, onde paga pelas vagas nas marinas e
manutenção. Outro problema é que a documentação delas está fora da validade, o
que impede que os parentes de Eike as usem e que sejam testadas pelos
compradores.
A defesa de Eike também está
pedindo a atualização dos documentos na Marinha do Brasil. “Para efetivar o
negócio, é necessário que a embarcação seja colocada no mar para realização de
testes pelo pretenso comprador”, disse Martins.
Em 2013, quando teve início o
desmanche de seu império, o empresário precisou se desfazer do barco Pink
Fleet.
O projeto de Eike era ganhar dinheiro com eventos corporativos a bordo
do navio na Baía de Guanabara, mas a ideia não deslanchou. A embarcação,
inaugurada como atração turística em 2007, vinha dando prejuízo ao empresário.
Ao final, foi desmanchada e as peças vendidas.
O ex-magnata, que já fez parte
da lista de bilionários da Forbes, foi preso em janeiro na Operação Eficiência,
desdobramento da Lava Jato no Rio. Após três meses, foi para prisão domiciliar.
O fundador do Grupo X foi indiciado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Ele teria pagado US$ 16,5 milhões em propina ao esquema liderado por Sérgio
Cabral (PMDB-RJ), ex-governador do Rio, para ter benefícios em seus negócios.
Como antecipou o Estado, ele prepara documentos para um acordo de delação
premiada.
Na 3.ª Vara Federal Criminal,
Eike é réu por supostas irregularidades em sua atuação à frente de duas
empresas do seu grupo, a petroleira OGX e a empresa de construção naval OSX.
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