PT comemora prisão de Rocha Loures e avalia que Temer não resistirá e Lula voltará ao poder
A prisão do deputado afastado
Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi comemorada no 6.º Congresso do PT, que
termina neste sábado, em Brasília. Na avaliação dos petistas, a base aliada do
governo vai "ruir" com a provável saída do PSDB da equipe e a crise
política tende a se agravar a partir de agora, dando fôlego à campanha por
Diretas Já para substituir o presidente Michel Temer.
Até esta sexta-feira, 2, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula do PT achavam que Temer
poderia ganhar uma sobrevida porque estava sendo mais rápido na reação às
denúncias contra ele do que a oposição no ataque para derrubá-lo. Mesmo Lula sendo
réu na Lava Jato, o diagnóstico no PT agora é o de que o cenário piorou muito
mais para Temer e a oposição pode tirar dividendos políticos da nova
turbulência no Planalto.
"O governo acabou",
disse o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP). "Até alguns dias
atrás, o Planalto ficava contando voto para aprovar a reforma da Previdência e
agora terá de contar voto para impedir o impeachment."
Os petistas estão convictos de
que Rocha Loures fará uma delação premiada, embora Temer tenha dito duvidar
dessa possibilidade. Após o acordo de colaboração firmado pela JBS com o
Ministério Público, o deputado afastado foi flagrado pela Polícia Federal
recebendo uma mala com R$ 500 mil de um executivo da empresa.
"As provas são robustas
e, se Temer conseguir escapar esta semana, vai ser um milagre", afirmou o
senador Humberto Costa (PT-PE). "A tendência é que aumente o número de
partidos que vai se afastar do governo e, então, a base aliada será corroída. O
governo está sob forte cerco político."
O PSDB paulista convocou para
a próxima segunda-feira uma reunião ampliada para discutir a crise. Temer
conversou nesta sexta com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na
tentativa de impedir que o PSDB paulista puxe um movimento de desembarque do
governo. Os tucanos comandam hoje quatro ministérios.
Além disso, na próxima
terça-feira, dia 6, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomará o julgamento
que pode cassar a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. O Planalto aposta em um
pedido de "vista" de algum ministro do TSE para analisar o caso, o
que pode retardar o desfecho do caso.
"Independentemente de o
TSE concluir ou não esse julgamento agora, a simples revelação do voto do
relator do processo (Herman Benjamin), que, ao que tudo indica, será pela
cassação, produzirá um abalo maior ainda no governo", disse Humberto
Costa. "Com isso, será muito difícil a economia se recuperar."
Para o deputado Paulo Teixeira
(PT-SP), a prisão de Rocha Loures "acelera" o movimento pela saída de
Temer. "Prenderam o braço direito do presidente", afirmou Teixeira.
GOVERNO DE TEMER 'POR UM FIO'
O líder do PT na Câmara,
deputado Carlos Zarattini (PT-SP), avalia que a prisão do ex-deputado Rodrigo
Rocha Loures (PMDB-PR), amigo do presidente Michel Temer, deixa o governo
"por um fio". "Qualquer coisa que Loures fale (aos
investigadores) vai levar à queda do governo", declarou Zarattini.
Ele considera que a
possibilidade de desembarque do PSDB da base aliada do governo mostra que
"as chances do governo continuar estão cada vez menores".
Zarattini disse ainda que o PT
vai continuar a mobilização por eleições diretas caso Temer deixe o cargo.
"Acredito que acelerando a crise, vai acelerar a mobilização
popular", declarou. Ele admitiu, contudo, que sem a pressão popular será
muito difícil aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) no Congresso.
"Não temos votos suficientes e a tendência natural é tentar uma solução
pela via indireta.
Tem que ter pressão para que parte grande dos parlamentares
mudem de opinião."
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