Polícia Federal faz 84 perguntas por escrito a Temer sobre escândalo com a JBS
A Polícia Federal
encaminhou na tarde desta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) 84
perguntas ao presidente Michel Temer (PMDB) sobre as suspeitas que recaem sobre
ele em decorrência da delação premiada de executivos da JBS. O conteúdo das perguntas
não foi divulgado.
Temer é alvo de um
inquérito no STF por corrupção passiva, obstrução da Justiça e pertencimento a
organização criminosa, todas acusações derivadas de uma reunião entre ele e
Joesley Batista, dono da JBS, e dos depoimentos feitos pelo empresário e outros
diretores do grupo ao Ministério Público Federal em acordo de delação.
Assim que for
notificado, Temer terá 24 horas para entregar as respostas. A intenção original
da PF era interrogar o presidente pessoalmente, mas a tentativa foi barrada
pelo ministro Edson Fachin, responsável pelo inquérito no STF.
Temer também tentou
evitar o interrogatório, mesmo por escrito, até que fosse concluída a perícia
no áudio feito por Joesley, mas não obteve êxito – Fachin apenas permitiu que o
presidente, caso queira, não responda a questões relacionadas diretamente à
gravação.
Juízes criticam
‘estratégia’ de Temer para ‘constranger’ Fachin
A legislação
estabelece que “o presidente e o vice-presidente da República, os presidentes
do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do STF poderão optar pela
prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas
partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas por ofício”.
Homem da mala
Além de Temer, o
inquérito 4483 do Supremo tem como alvo o deputado federal afastado Rodrigo
Rocha Loures (PMDB-PR). Na conversa gravada por Joesley, Rocha Loures foi
apontado por Temer como interlocutor para atender demandas do grupo J&F no
governo, incluindo uma disputa contra a Petrobras no Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade).
Em conversas
gravadas entre o empresário e o parlamentar, ambos tratam da compra do silêncio
de Cunha e Funaro e do pagamento de 500.000 reais semanais em troca da ajuda no
Cade. Rocha Loures foi filmado pela Polícia Federal recebendo uma mala com o
dinheiro em espécie em São Paulo, entregue pelo diretor de relações
institucionais da JBS e também delator, Ricardo Saud.
O inquérito ainda
tinha como investigado o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), mas Fachin
atendeu a pedidos das defesas do tucano e de Temer e separou as investigações
sobre eles nesta terça-feira.
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