Lula tem defeitos, mas nunca quis ficar rico, diz Gilberto Carvalho
Chefe do gabinete
pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante os oito anos de
mandato dele no Planalto, entre 2003 e 2010, o ex-ministro Gilberto Carvalho
disse que o petista "tem muitos defeitos, como qualquer ser humano".
"Agora,
tem uma coisa: ele nunca quis ficar rico. Ele nunca pensou em usar a função
dele como presidente para auferir recursos próprios", disse em depoimento
ao juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira
instância, nesta terça-feira (13).
Carvalho, que foi
ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do governo da ex-presidente
Dilma Rousseff (PT) entre 2011 e 2015 por indicação de Lula, falou como
testemunha de defesa do ex-presidente no processo em que ele é réu por
participação em um esquema envolvendo oito contratos entre a empreiteira
Odebrecht e a Petrobras, que geraram
desvios de cerca de R$ 75 milhões, segundo o MPF (Ministério Púbico
Federal).
Parte do dinheiro,
cerca de R$ 12,4 milhões, teria sido
usada para comprar um terreno, que serviria para a construção de uma sede do
Instituto Lula. A denúncia diz ainda que o dinheiro de propina também foi usado para comprar um apartamento vizinho à
cobertura onde mora o ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP).
Neste processo,
além de Lula, outras sete pessoas são rés. Entre elas, está o ex-ministro
Antônio Palocci (PT) e o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht.
Carvalho, que
cuidou da agenda de Lula entre 2003 e 2010, disse que, nesse período, nunca
ouviu alguém oferecer benefícios ao ex-presidente. "Não havia ninguém que
tivesse a coragem de chegar para o presidente e dizer: 'olha, quero te oferecer
tal coisa'", comentou. "Nunca presenciei nada que fosse além dos
assuntos governamentais, republicanos".
No nosso governo,
não havia clima para ninguém, nenhuma picareta que fosse chegar a fazer
qualquer tipo de oferta.
Gilberto Carvalho,
ex-chefe do gabinete da Presidência Ao ser questionado pelo MPF, ele afirmou
que não acompanhou todas as audiências do ex-presidente ao longo dos dois
mandatos. "Havia sempre uma pessoa que acompanhava o presidente Lula.
Por
norma regimental. Eram três pessoas que se revezavam nesse trabalho",
lembrou Carvalho, que explicou que o trabalho delas era fazer uma anotação
mínima para reuniões futuras.
A procuradora
Isabel Groba Vieira, representante da força-tarefa, questionou sobre a agenda
que envolvia reuniões com Emílio Odebrecht, presidente do Conselho da
Odebrecht. Foi a partir dela que Carvalho
conheceu o ex-executivo da empreiteira Alexandrino Alencar, o que gerou
um grau "de coleguismo, de tratar bem", segundo o ex-ministro.
Carvalho falou
sobre um almoço em que esteve com Alencar em São Paulo e "no qual doutor
Emílio queria pedir uma audiência com o presidente e me entregou uma folha com
uma série de demandas". Não foi
perguntado nem citou quais seriam esses pedidos. "Era praxe que as
empresas buscassem falar com o presidente. Era uma demanda enorme",
pontuou Carvalho.
O juiz Sergio Moro
não fez questionamentos à testemunha na audiência, que durou cerca de 15
minutos.
Orientação Também
testemunha de defesa do petista, o ministro do TCU (Tribunal de Constas de
União) e ex-líder do governo Lula na Câmara, José Múcio Monteiro disse que
nunca recebeu "alguma orientação de cooptação de apoio parlamentar usando de recursos
ilícitos", conforme pergunta do advogado do presidente, Cristiano Zanin
Martins.
A audiência de
Monteiro, que foi indicado como ministro do TCU por Lula em 2009, durou menos
de sete minutos. Nem Moro nem o MPF fizeram questionamentos a ele.
Em nota, a defesa
de Lula diz que os depoimentos "reforçam que o MPF questiona e busca
criminalizar atos legítimos da Presidência da República e a política de governo
que foi defendida e implantada pelo governo Lula, num manifesto desvirtuamento
de sua função".
Fonte: https://noticias.uol.com.br
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