Recado de Rodrigo Maia ao STF ‘reeleição é assunto da Câmara e não cabe ao STF se meter em assuntos da Câmara’
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), criticou nesta segunda-feira, 2, a judicialização feita por seus
adversários para tentar barrar sua tentativa de reeleição ao comando da Casa em
2 de fevereiro, quando está marcada a próxima eleição para os cargos da Mesa
Diretora. Para o parlamentar fluminense, sua reeleição é uma questão interna da
Casa, sobre a qual não cabe o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir.
“Acho que é uma questão política, uma questão
da Casa, no momento em que a Casa precisa reafirmar seu poder e decidir
internamente. A gente sempre reclama que o Supremo decide pela Câmara e, na
hora que a gente tem o poder de decidir no voto, muitos não querem, querem que
o Supremo decida. Olha que incoerência”, afirmou Maia em entrevista coletiva,
em referência às ações ajuizadas no STF por seus adversários para barrar sua
candidatura.
No fim do ano passado, o Solidariedade e o
deputado André Figueiredo (PDT-CE), pré-candidato à sucessão de Maia, entraram
com duas ações no Supremo, pedindo que a Corte declare a candidatura de Maia
inconstitucional. As ações se baseiam no artigo 57 da Constituição Federal, que
diz ser proibida reeleição de presidentes do Legislativo dentro do mesmo
mandato. O artigo não trata explicitamente, porém, sobre os casos de
presidentes eleitos para mandato-tampão, como Maia.
“Se eu decidir ser candidato, ela
(candidatura) é muito clara do ponto de vista jurídico. Ela pode não ser muito
clara do ponto de vista eleitoral. É questão de voto. Agora a Constituição não
veda a recondução de quem é ou foi presidente em mandato suplementar. Ela veda
a (reeleição da) Mesa Diretora eleita no primeiro ano, no primeiro dia de mandato.
Se não há vedação no outro caso, é porque é uma questão interna corporis”,
rebateu Maia na entrevista.
O atual presidente da Câmara citou pareceres
jurídicos encomendados pelo seu partido e parlamentares aliados que defendem a
possibilidade de ele tentar reeleição, como o do ex-ministro do STF Francisco
Rezek, encomendado pelo DEM. Citou também pareceres de Rezek e do atual
ministro do Supremo Luís Roberto Barroso que defenderam a possibilidade do
senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) disputar reeleição para presidência do Senado
em 2009.
Alves foi eleito presidente do Senado em 2007
para um mandato-tampão, após o então presidente da Casa, Renan Calheiros
(PMDB-AL), renunciar ao cargo. Em dois pareceres, Rezek e Barroso sustentaram
que Garibaldi poderia disputar reeleição ao comando do Senado. O peemedebista
potiguar, porém, desistiu de última hora da candidatura para apoiar o então
senador José Sarney (PMDB-AP), que acabou eleito.
“A gente precisa de voto. Um político perde ou
ganha uma eleição na urna, e é isso que espero fazer, se entender que melhor
caminho para o Democratas, os partidos da base e principalmente para Casa. (…)
Agora, o que não pode é a gente querer transferir uma decisão que já tem muito
parecer importante dizendo que é uma decisão da Casa, transferir para o Supremo”, afirmou o atual presidente
da Câmara nesta segunda-feira.
Maia rechaçou a tese de que uma eventual
vitória dele em 2 de fevereiro vá gerar uma insegurança jurídica para a Câmara.
“Se a minha decisão for disputar e se a decisão do parlamento for me eleger,
não tenho duvida nenhuma de que não haverá nenhum tipo de interferência do
Supremo”, afirmou. “Não vejo, e consultei muitos juristas, do ponto de vista constitucional
nenhum veto (à minha candidatura)”, afirmou.
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