Trapaceiro e Mentiroso; Na calada da noite, Rodrigo Maia liderou a mutilação do pacote contra a corrupção e mudou quase tudo
No último domingo, na frente das câmeras de TV e ao
lado do presidente Michel Temer, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que a votação do
pacote contra a corrupção iria ao plenário da maneira que foi aprovado pela
Comissão da Câmara. De fato, foi isso o que aconteceu. O texto-base do projeto
de lei 4850 foi aprovado por 450 a 1. Pura cortina de fumaça. O que estaria por
vir era uma mutilação sem dó do projeto, com muitas emendas e alterações.
Maia, que tem o poder regimental de propor ou barrar
a votação das alterações no projeto lei, presidiu a sessão na calada da noite e
permitiu uma série de mudanças no relatório do deputado Onyx Lorenzoni
(DEM-RS). A primeira delas foi a inclusão da emenda que prevê a punição de
magistrados, procuradores e promotores por crime de abuso de autoridade.
Membros da força-tarefa da Operação Lava Jato encararam a atitude como uma
retaliação às investigações. Outro golpe contra a autonomia do Judiciário foi a
inclusão de punição a policiais, juízes e membros do MP que violarem direito ou
prerrogativa de advogados.
Câmara desfigura pacote anticorrupção e inclui
punição a juízes
A aprovação do pacote mutilado acontece nas vésperas
da assinatura da delação premiada da Odebrecht, que cita cerca de 200 políticos
que receberam recursos da empreiteira para campanhas eleitorais. E no dia de uma tragédia nacional, longe dos
olhos do sociedade, de madrugada.
Também no último domingo, o presidente da Câmara
disse: “Emenda nunca existiu do ponto de vista legal na casa. Se alguém tinha
esta intenção é, o direito de ter esta intenção, ela não prosperou com apoio
nem de líderes, nem prosperaria como apoio do plenário. E se alguém apresentar,
votação nominal”. De fato, a votação foi nominal, mas é muito difícil de
acreditar que as emendas não foram acordadas nos bastidores — e com o aval de
Rodrigo Maia, o presidente da Câmara que fala uma coisa e faz outra.
Nenhum comentário