O aluno prestou depoimento em 19 de
julho e suas revelações serviram de base para a Operação Porta Fechada,
deflagrada pela Polícia Civil.
Um estudante da Universidade Federal
de Goiás confessou à Polícia Civil que seu pai trocou uma casa por sua vaga no
curso de Medicina. O aluno prestou depoimento em 19 de julho e suas revelações
serviram de base para a Operação Porta Fechada, deflagrada pela Polícia Civil
na segunda-feira.
A Porta Fechada tinha como alvo o
concurso para delegado da Polícia Civil de Goiás. Durante a investigação, os
policiais identificaram fraudes também no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
2016.
O aluno relatou aos investigadores que
soube da negociação de sua vaga no dia em que prestou o Enem. À polícia, ele
declarou que foi contra a negociação, mas que não desistiu de fazer a prova,
porque o pai havia dado uma casa em troca da vaga.
Segundo o estudante, durante o caminho
para o local da prova, seu pai o instruiu para que ele respondesse apenas 10
questões nos cartões respostas, no 1º e no 2º dias de exame, e escrevesse 10
linhas da redação.
No dia seguinte ao exame, relatou, o
vendedor de vagas Gabriel Ribeiro de Araújo ligou, via WhastApp, e informou o
estudante que ele deveria ir a Brasília terminar a redação do Enem. O aluno da
Federal de Goiás narrou à polícia que um interlocutor identificado como Ronaldo
Rabelo de Souza ligou, também via WhastApp, disse que o pegaria.
Um dia depois, segundo o estudante, um
carro ‘popular de cor cinza’ o buscou. No interior do veículo, estavam Ronaldo,
no banco do motorista, e também ‘dois meninos e uma menina’.
No depoimento, o aluno afirmou que ‘um
pouco antes de Taguatinga’, cidade-satélite de Brasília, o carro parou em um
posto de gasolina. Após estacionarem, contou, uma caminhonete também parou no
local. Saíram deste outro carro o vendedor de vaga Gabriel, um homem e uma
menina.
De acordo com o estudante, pouco tempo
depois, um outro homem chegou ao local e tirou um envelope de dentro da
jaqueta. O aluno disse à polícia que lhe foi entregue a mesma redação que ele
havia começado no dia da prova do Enem, com apenas 10 linhas preenchidas.
Segundo o estudante, ele viu que estava junto à redação o cartão-resposta do
segundo dia do exame ‘totalmente preenchido’.
O aluno ainda contou que ele e os
outros estudantes que estavam em seu carro terminaram a redação no local. Os
papéis, segundo o estudante, foram recolhidos pela ‘pessoa de jaqueta’.
Após o resultado do vestibular ser
divulgado, o estudante informou que foi aprovado. Na sala de aula, disse ter
reconhecido três colegas: os mesmos que terminaram a redação do Enem no posto
de gasolina.
Com a palavra, a Universidade Federal
de Goiás
“Até o momento, a Universidade Federal de Goiás não
foi informada oficialmente pela Polícia Civil. Medidas cabíveis serão tomadas
somente após essa notificação. Ademais, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
é organizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP).”