Ex-presidente afirmou que
participação das pessoas na política é fundamental para evitar escândalos de
corrupção. 'Às vezes você xinga um político de ladrão e nem lembra que votou
nele', diz.
Condenado a 9 anos e 6 meses
de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Lava Jato no caso do
triplex do Guarujá, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta
sexta-feira, 18, no segundo dia da caravana ao Nordeste, que, se o cidadão não
quiser ser governado por “ladrão”, deve ele mesmo entrar na política.
“Quando você disser que o Lula
é ladrão, que o deputado tal é ladrão, que o prefeito tal é ladrão, quando todo
mundo for ladrão e ninguém prestar, ainda assim você vai ter que tomar uma
decisão que é a de entrar na política. Porque o político honesto que vocês
querem está dentro de vocês”, disse o ex-presidente em palestra com ares de
comício na 4.ª Jornada da Juventude em Cruz das Almas.
Proibido pela Justiça de
receber o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia, Lula participou de dois atos públicos na cidade. O primeiro, na
entrada da universidade, foi organizado às pressas para preencher o buraco na
agenda da caravana.
Antes, visitou a universidade
fundada em 2006, no final de seu primeiro governo, e foi recebido pela direção,
professores e funcionários que lhe presentearam com a escultura de uma
machadinha de Xangô, o orixá guerreiro do candomblé.
O segundo foi a palestra na
Jornada da Juventude. Para evitar problemas com a Justiça Eleitoral, o prefeito
de Cruz das Almas, Orlandinho (PT), tratou de dizer que aquilo não se tratava
de campanha antecipada nem uso eleitoral da máquina municipal. “Não usamos nem
a luz, só usamos o som, e se reclamarem fazemos uma vaquinha e pagamos o som”,
disse o prefeito.
Lula tentou se ater ao tema da
palestra que era “juventude e política”. “Às vezes você xinga um político de
ladrão e nem lembra que votou nele”, disse.
O ex-presidente voltou a fazer
referências a Tiradentes e se disse injustiçado por causa da condenação. “Por
que me perseguem tanto? Acho que é por termos conseguido fazer com que o povo
brasileiro possa ter o sonho de uma vida melhor”, afirmou.
Plano B
Em entrevista a uma rádio em
Salvador, Lula afirmou que o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) e o
atual, Rui Costa (PT), são potenciais candidatos à Presidência em 2018, caso
ele não possa concorrer. Não é a primeira vez que Lula cita possíveis nomes do
PT se seu registro de candidatura for cassado.
“A gente tem Wagner, que tem
um pedigree político como ninguém tem nesse País. O cara que acabou com o
carlismo se elegeu duas vezes. Tem Rui, que está indo maravilhosamente bem.
Então, na hora que for necessário, a gente escolhe”, disse.
Além dos dois nomes citados, o
ex-presidente já apontou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como um
possível candidato em 2018.